segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Saúde protesta contra alteração de carga horária que está sob análise da Prefeitura

(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente)
“Os gestores destruíram o município (de Campos) ao longo dos 20 anos. Tínhamos royalties para nadar em dinheiro. Agora, não temos mais. Então, onde está essa culpa? A culpa está lá atrás. Aí, Rafael, como prefeito, herdou essa dificuldade. Tem que ‘gastar saliva’, ter habilidade para conversar com as pessoas (servidores) e tentar realinhar”. O comentário é do presidente do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), José Roberto Crespo de Souza, feito na manhã desta segunda-feira (7), durante uma manifestação organizada por servidores municipais da Saúde, que fechou a ponte General Dutra.

O ato, que reuniu servidores do Hospital Ferreira Machado, foi em um protesto a mudanças da carga horária implantada pela Prefeitura de Campos. A manifestação durou cerca de 40 minutos e foi dissipada com a chegada da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Policiais militares e guardas civis orientaram os motoristas — a maioria, caminhoneiros — no desvio do trânsito.

Os manifestantes apresentavam cartazes e colocaram fogo em pneus. As chamas foram controladas por uma equipe da Autopista Fluminense, concessionária responsável pela BR 101. O presidente do Simec explicou que a manifestação foi organizada devido à nova carga horária dos servidores, que nomearam como “incompatíveis ou irregulares”.

— O município está querendo reorganizar isso. A gente esteve no Ministério Público, na semana passada, e a promotora disse para vermos o que está regido em leis federais. O médico tem 20 horas semanais e a enfermagem, nutricionistas e fisioterapeutas têm 30. São de nível superior. Os técnicos de radiologia têm 24 horas por semana e os auxiliares, de nível médio, fazem (plantões de) 12/36, totalizando 40 horas. Mas houve ganhos em gestões passadas, que diminuíram a carga horária para 30. Agora, o município quer readequar o sistema, só que tem gente que trabalha há 10, 15 anos nessa linha. Por isso, há revolta – disse o médico.
 
Para o presidente do sindicato, as modificações devem ocorrer em parceria com o servidor, que não é culpado pelas dificuldades financeiras que enfrenta a cidade. O médico também explicou que o sindicato está intermediando o diálogo entre a categoria e o poder público municipal. Ele acredita que as mudanças deveriam começar não por modificações na carga horária, mas pela melhoria nos serviços oferecidos à população campista, que depende, em sua maioria, do sistema público de saúde.
— Os postos de saúde, os hospitais Ferreira Machado e de Guarus estão em um caos estrutural. Os setores, as enfermarias, a infraestrutura dessas unidades estão completamente destruídas. É importante que a Prefeitura faça um mutirão de reformas, ou, minimamente, dê estrutura para as pessoas trabalharem. Salário é importante; mas é importante, também, que você trabalhe em um ambiente sadio. Hoje, o servidor está indo trabalhar chateado, porque o ambiente é ruim, não tem alimentação e banheiros decentes, falta material. Então, há uma dificuldade da gestão em colocar isso em dia. Para cobrar, primeiro, você tem que dar condições de trabalho — avaliou.

Prefeitura analisa caso a caso e busca melhorar estrutura
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que o município tem buscado cumprir o que determina a lei e vem analisando caso a caso, junto ao Ministério Público (MP). A Procuradoria Geral do Município afirma que “diversas reuniões vêm sendo realizadas entre o prefeito Rafael Diniz e representantes dos servidores, onde a prioridade é manter o diálogo permanente e transparente buscando, juntos, os melhores caminhos para que as necessidades dos servidores sejam atendidas e os serviços prestados à população continuem sendo feitos com excelência”.

Também em nota, a secretaria de Saúde informou que “em janeiro deste ano, encontrou uma estrutura limitada de atendimento e que foram realizadas compras emergenciais para suprir as demandas das unidades de Saúde”. Já a superintendência Financeira e Administrativa da Fundação Municipal de Saúde (FMS) conta “que está em processo de licitação, por meio de pregão eletrônico, a aquisição de novos materiais de insumos direcionados às unidades de Saúde do município para novo abastecimento”.




Fonte: Folha da Manhã