quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Pacientes do HGG sem remédios, CTI, tomógrafo e ar condicionado

(Foto: Leitor)
A situação da Saúde em Campos não anda bem há algum tempo. Os dois maiores hospitais do município, referência em emergência branca e vermelha, foram alvos de inúmeras denúncias ao longo de todo o ano. No Hospital Geral de Guarus (HGG), as notícias foram desde superlotação, pacientes nos corredores à falta de água para beber. O cardiologista Cláudio Leonardo de Morais trabalha no HGG e resolveu denunciar graves situações na unidade. Ele fala em falta de noradrenalina, um medicamento essencial para manter a vida de pacientes em estado grave, em unidades de emergência e de terapia intensiva (UTI). Segundo o cardiologista, três pacientes teriam morrido por falta de vaga na UTI. Além disso, segundo ele, quatro pacientes estão internados na unidade à espera de diagnóstico para tratamento, mas o tomógrafo estaria quebrado há mais de três dias. O sistema de ar condicionado no setor de pacientes graves também estaria com defeito.

O médico disse que o medicamento teria acabado não só no HGG, mas também no Hospital Ferreira Machado. Emergencialmente, ampolas teriam sido viabilizadas, na última terça-feira. Nesta quarta, outras doses chegaram à unidade, segundo o denunciante. “A razão de ser do CTI é a presença deste medicamento. Ele mantém a pessoa viva e que é usado para manter a pressão alta, para manter uma circulação adequada nos órgãos nobres do corpo”, disse Cláudio Leonardo.

Se essa fosse a única denúncia, o caso já seria hediondo. No entanto, o servidor fala ainda que os tomógrafos no HGG e HFM estão sem funcionar, deixando pacientes a espera de diagnóstico para iniciar tratamento correto. Outro problema falado pelo servidor é a falta de ar condicionado na UTI do HGG, deixando pacientes expostos a vírus e bactérias e da falta de ranitidina, medicamento comum em qualquer unidade de saúde. Os problemas, segundo o cardiologista, também se estendem a sujeira, banheiros com defeito, falta de sabonete e até macas de ambulância sendo utilizadas para atendimento no corredor.

Em nota, a secretaria de Saúde respondeu que “apesar da crise econômica que acomete o país e o Estado do Rio de Janeiro, o Hospital Geral de Guarus continua mantendo o seu atendimento, de modo regular, às emergências clínicas e cirúrgicas. O sistema de climatização do setor de tomografia apresentou problemas, já resolvidos e com consequente retomada da realização dos exames. Todo o sistema de refrigeração da unidade está passando por adequações em virtude das altas temperaturas desse período do ano. Os pacientes que têm indicação de uso do medicamento Noradrenalina estão recebendo o mesmo de acordo com a demanda. Nos últimos dias a demanda de atendimento no hospital tem superado a capacidade instalada, devido à restrição de atendimento no Centro de Emergência de São João da Barra, em Unidades de Saúde de municípios vizinhos e na UPA estadual. O hospital dispõe de 14 leitos de UTI, sendo que a regulação de leitos intensivos cabe à Central de Regulação da secretaria de Saúde, de acordo com disponibilidade. Todos os cuidados médicos e de suporte à vida estão sendo realizados com o objetivo de preservar e tratar os pacientes”, concluiu.

Pacientes e servidores sofrem há meses

Foram incontáveis as denúncias e reclamações que tiveram como alvo o HFM e HGG ao longo deste ano. Em setembro, a jornalista Suzy Monteiro publicou no blog Na Curva do Rio, hospedado na Folha Online, a denúncia de um paciente operado do coração e com problema renal, que, sem vaga na enfermaria ou na UTI, estava nas cadeiras do corredor.

Os problemas das unidades de saúde não atingem somente os pacientes. No final do mês passado, o jornalista Arnaldo Neto publicou em seu blog, também hospedado na Folha Online, a denúncia do vereador Fred Machado feita em audiência na Câmara, sobre a falta de água para beber no HGG. Ele também lembrou a manifestação dos motoristas de ambulância. Nos primeiros dias deste mês, funcionários dos dois hospitais, contratados através de Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA), também reclamaram atrasos salariais e de demissões.






Fonte: Folha da Manhã