sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ensaio fotográfico:O olhar apaixonado do arquiteto Victor Aquino por Atafona


Uma das mais movimentadas da região, a Praia de Atafona recebe muitos turistas durante o ano. Com uma estreita faixa de areia, possui mar levemente agitado, de águas azuladas. Há uma colônia de pescadores presente no local, e é comum ver seus barcos atracados na praia. Inclusive, eles eram os maiores visitantes, até urbanizarem a praia. Esportes como body board costumam ser muito praticados, e alguns campeonatos ocorrem durante o ano. Possui infraestrutura mediana, atendendo bem os clientes em certa parte da praia, com petiscos e bebidas. Cercada por árvores, esta praia reserva grande beleza a seus frequentadores, que ao chegarem ao lugar, podem desfrutar de um bom contato com a natureza, aproveitando para tomar um banho de mar ou simplesmente descansar nesta bela paisagem.


Esses são alguns um dos muitos motivos que fazem o Arquiteto Victor Aquino amar e se encantar com a beleza natural de Atafona.


Victor Aquino é natural de Campos, formado em Arquitetura em 1980 no Rio de Janeiro. Logo depois, ele retornou à cidade natal, onde projetou alguns prédios, como o Renato Pontes Barreto que, inicialmente, seria um hotel, entre outros trabalhos. Seguiu para a Bahia, permanecendo por quatro anos, retornando em 90 para o Rio, onde se especializou em Arquitetura Hospitalar, ex-secretário de Planejamento de São João da Barra. O Arquiteto é bisneto do empreendedor que fundou a principal fábrica da cidade, do conhecido conhaque de alcatrão.


Para os que ainda não conhecem Atafona, o paraíso é um pacato distrito de São João da Barra, município do norte-fluminense, a 314 quilômetros do Rio de Janeiro, O mar avança sobre a cidade desde os anos 70 e vem destruindo ruas inteiras.

O avanço do mar no litoral de São João da Barra, no Norte Fluminense, acontece de forma rápida e já destruiu muitas construções nos distritos de Açu e Atafona. Um morador da cidade fez da garagem da casa dele um museu com fotos que mostram a história dessa região que pode estar desaparecendo.


Há mais de 40 anos, os moradores de Atafona, região Norte Fluminense, só usam o verbo no passado. O lugar está desaparecendo do mapa O aposentado Jair Vieira acompanha de perto o avanço do mar e lembra desde quando essa história começou. Atafona fica no final do rio Paraíba do Sul, em São João. Após um desvio da água feito há anos, o rio perdeu força pra enfrentar o mar. E tem outra explicação além dessa. Segundo o ambientalista Aristides Sofiati, muitas barragens foram construídas ao longo do rio, o que também pode ter influenciado a situação.


A erosão costeira vem redesenhando a paisagem desde a década de 60. São cerca 3 metros a menos de faixa de areia a cada ano. Uma imagem de 1968, mostra quando ainda existia um local chamado Pontal, completamente povoado. De lá pra cá, 15 ruas e 500 casas foram engolidas pela água. Muitas mansões viraram ruínas em pouco tempo. Atafona perdeu, inclusive, seu prédio mais alto: um hotel de quase 15 metros que nunca chegou a ser inaugurado. Atualmente, não passa de entulho.

Junto com os prédios e casas, a história de Atafona vai indo embora sem que as novas gerações conheçam a importância desse lugar. O clube, que recebia festas luxuosas e bailes de carnaval no final dos anos 50, fechou há 10 anos. Ninguém sabe quanto tempo vai demorar para o mar chegar até o local.


Os moradores aprenderam a conviver com a incerteza. Especialistas dizem que o fenômeno é normal. As dunas são uma barreira criada pelo próprio mar pra que ele não avance tanto. Seguindo pelo litoral, é possível chegar à praia do Açu. A areia também tem sido um problema no local. As imagens de satélite mostram o encolhimento da praia. Em um ano, a violência do mar sumiu com uma área do tamanho de 3 campos de futebol.





Fonte: Pense Diferente
Destroços do que foi um hotel na cidade. Foto: Isabela KassowDestroços do "hotel do Julinho". Foto: Isabela KassowPublicidadeTuristas visitam Atafona atrás de vestígios do "fim do mundo". Foto: Isabela KassowCerca de cem casas estão interditadas no distrito de São João da Barra. Foto: Isabela KassowO mar avança e traz consigo a faixa de areia, cada vez mais alta. Foto: Isabela KassowEm vão: sacos de areia foram postos ao longo da praia, para evitar o avanço do mar. Foto: Isabela KassowSurfistas driblam o perigo. Presença de restos de construções pode ferir banhistas. Foto: Isabela KassowEm alguns pontos é possível ver as casas soterradas pela areia. Foto: Isabela KassowO que era uma rua de acesso à praia hoje é uma duna. Foto: Isabela KassowCasas abandonadas. Foto: Isabela KassowÉ perigoso andar pelas dunas da praia. A qualquer momento, surgem buracos com restos de moradias. Foto: Isabela KassowInscrições bíblicas dominam as ruínas da cidade. Foto: Isabela KassowUm bar convive ao lado de ruínas na praia de Atafona. Foto: Isabela KassowIsso foi o que sobrou da mansão de um usineiro local, destruída pela força do mar. Foto: Isabela KassowCasa interditada pela Defesa Civil. A praia já chegou até ela. Foto: Isabela KassowDessa esquina em diante havia mais cinco quarteirões há quatro décadas. Foto: Isabela KassowPostes agora têm quase a mesma altura dos pedestres. Foto: Isabela KassowBatalhão de polícia desativado. Foto: Isabela KassowPara entrar neste condomínio, só a pé. A areia cercou todos os acessos das residências. Foto: Isabela KassowA Avenida Atlântica sumiu do mapa. Foto: Isabela KassowAvenida Atlântica deixa de existir a partir desse ponto, onde o mar já avançou sobre o continente. Foto: Isabela KassowMais casas continuam a sofrer a ação da erosão em Atafona. Foto: Isabela KassowO técnico ambiental Luis Henrique Araújo perdeu sua casa há três anos. Só restou o muro dos fundos. Foto: Isabela Kassow